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Greve geral: o que está em jogo nos direitos dos trabalhadores?
Greve geral contra a reforma laboral: saiba como alterações em contratos, banco de horas e serviços mínimos podem afetar os salários e benefícios.
- Publicado em: 10/12/2025
- Atualizado em: 10/12/2025
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Greve geral e reforma laboral: afinal o que está em jogo para salários, benefícios e direitos dos trabalhadores?
A greve geral marcada para amanhã, dia 11 de dezembro, convocada pela UGT e pela CGTP‑IN, surge num contexto de profunda contestação ao pacote de alterações à lei laboral apresentado pelo Governo. Para os trabalhadores, estas mudanças não se resumem a ajustes administrativos: têm impacto direto na segurança do emprego, salários e benefícios.
Contratos a prazo e precariedade
Uma das alterações mais controversas é o alargamento da duração dos contratos a prazo, que passariam a poder durar até três anos. Para o trabalhador, isto significa:
- Menor estabilidade: contratos longos a prazo aumentam a incerteza sobre continuidade de emprego.
- Redução de benefícios ligados a contratos permanentes: muitos subsídios e regalias são proporcionalmente menores para contratos temporários.
- Difícil acesso a créditos e financiamentos: bancos e instituições financeiras consideram contratos temporários como maior risco, podendo dificultar empréstimos pessoais ou habitação.
Banco de horas individual e horários flexíveis
O regresso do banco de horas individual, que permite a negociação direta de horas extra entre empregado e empregador, tem efeitos claros sobre o bolso do trabalhador:
- Pode aumentar a sobreposição de horas não remuneradas, já que o controlo passa a ser menos coletivo.
- Reduz previsibilidade financeira: dificuldade em planear gastos mensais se o horário for instável.
- Impacto indireto no cálculo de subsídios e benefícios que dependem de horas regulares trabalhadas, como subsídio de férias, natal ou subsídios de transporte.
Despedimentos e proteções enfraquecidas
O pacote prevê alterações que tornam os despedimentos mais fáceis e limitam a reintegração em caso de despedimento ilícito:
- Trabalhadores podem enfrentar maior risco de perda de rendimento sem compensações justas.
- Menor proteção diminui a segurança financeira, aumentando a necessidade de reservas ou seguros de proteção ao rendimento.
- Prejuízo direto nos benefícios acumulados, como subsídio de desemprego, que podem ser afetados pela menor estabilidade de vínculo.
Serviços mínimos e greve
A extensão dos serviços mínimos significa que, mesmo em caso de greve, setores como saúde, transportes e educação manterão operações limitadas:
- Reduz a força de pressão sobre o Governo, diminuindo o efeito da greve na negociação.
- Para trabalhadores que participem na greve, há perda de salário do dia, impactando o orçamento mensal imediato.
Impacto no poder de compra
O aumento da flexibilidade laboral e a precarização podem ter efeitos cumulativos no poder de compra dos portugueses:
- Maior insegurança no emprego tende a reduzir a confiança do consumidor.
- Salários e benefícios menos estáveis limitam a capacidade de investimento, poupança e planeamento financeiro.
- Trabalhadores com contratos temporários ou instáveis terão dificuldade em aceder a crédito pessoal ou consolidado, um ponto crítico para quem procura gerir dívidas ou reorganizar finanças pessoais.
Por que a greve geral é tão relevante?
A greve não é apenas uma paralisação simbólica: é um instrumento de defesa financeira dos trabalhadores. Ao pressionar o Governo a rever o pacote laboral, os sindicatos tentam proteger os seus direitos.
Se aprovada sem alterações, a reforma laboral pode representar um retrocesso financeiro para muitos portugueses, afetando salário, benefícios e estabilidade. A greve geral de 11 de dezembro surge como uma defesa do poder de compra e da segurança financeira dos trabalhadores, tentando travar mudanças que poderiam fragilizar rendimentos, aumentar precariedade e reduzir acesso a direitos básicos.